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sábado, 28 de janeiro de 2012

J. BORGES, DA MADEIRA PARA O PAPEL, DO PAPEL PARA O CORDEL E DO CORDEL PARA O MUNDO!!!






J. BORGES
Nasceu no município de Bezerros, em Pernambuco, numa fazenda, e não teve acesso a mais que meio ano de escola.  Aprendeu a ler com os cordéis, que aprendia de cor. Seu primeiro folheto é de 1964  e depois aprendeu a técnica da xilogravura que o celebrizou. Seus trabalhos estão à venda, a preços acessíveis, em feiras e livrarias de todo o país.  Agora sai pela editora Lunário uma edição de seus textos — J. BORGES  Vinte historinhas de cordel para crianças -, pesquisa de Jeová Franklin., edição fac-símilar com xilogravuras originais, Brasília, 2008. São apenas 50 (cinqüenta) exemplares  com as gravuras todas assinadas pelo autor. Trata-se, portanto, de uma obra para colecionadores,  a preço  elevado, o que a afasta do público infantil. É possível que lancem uma edição mais popular. 
 A seguir reproduzimos um dos textos.
J. BORGES


HISTÓRIA DO HOMEM DO PORCO

Um matuto muito otário
que nunca aprendeu a ler
criou um casal de porco
dizendo ser pra comer
matou a porca e o porco
e foi pra feira vender.

Chegou na feira cedinho
arranjou uma barraquinha
colocou a carne em cima
e gritou a carne é minha
um freguês pergunta o preço
da carne da bacurinha.

Disse ele: a porca é da mulher
e o porco é todo meu
o preço do porco é o da porca
passou o dia e não vendeu
e já pela tardezinha
um comprador apareceu.

O comprador lhe falou
a carne é do meu agrado
eu compro a porca e o porco
se o senhor vender fiado
o meu nome é Sou-Eu
o negócio está fechado.
O matuto disse: está
você é um bom freguês
o homem disse: eu comprei
toda carne de uma vez
e garanto lhe pagar
daqui para o fim do mês.

O pobre homem foi embora
sem a carne e sem dinheiro
em casa disse à mulher:
encontrei um companheiro
que comprou-me a carne toda
e paga no fim de janeiro>

A mulher disse: tu és
um otário convencido
depois de tanto trabalho
dá o ouro ao bandido
mesmo assim eu quero o meu
para comprar um vestido.

Quando passou mais de um ano
numa noite calma e fria
o matuto viajou
e passando uma travessia
na mata escura ele viu
gente que vinha ou que ia.

E com medo gritou
de lá alguém respondeu
não tenhas medo colega
quem está aqui sou eu
o homem encostou e disse:
eu quero o dinheiro meu.

Disse o homem: qual dinheiro
que o  senhor diz que quer
ele disse: do meu porco
e da porca da mulher
você agora me paga
dê o caso no que der.

A quem eu vendi a carne
disse: que era sou eu
você respondeu agora
que esse é o nome seu
e por isso me pagas logo
a carne que tu comeu.

O homem pagou a pulso
sem comer e sem beber
apertado no punhal
sem poder se defender
deu o dinheiro que tinha
pra se livrar de morre.




                                                      LIO DE SOUZA

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